
sexta-feira, 31 de julho de 2009
As sete personalidades mais influentes da fisioterapia ortopédica - Quarto Lugar: Geoff D. Maitland

quinta-feira, 30 de julho de 2009
O Papel do Fechamento de Forma e Fechamento de Força para a Estabilização da Articulação Sacroilíaca

Existe um debate histórico quanto ao fato da articulação sacroilíaca ser ou não móvel. Quanto a isto, vou apenas reproduzir um trecho de uma entrevista com Diane Lee, fisioterapeuta canadense especialista em disfunções pélvicas:
Muitos autores dispensam uma atenção especial à esta articulação. De fato, acredita-se que a disfunção sacroilíaca (Esta terminologia é usada para caraterizar um distúrbio biomecânico, sem nenhuma lesão aparentea na articulação sacroilíaca) é uma causa importante de lombalgias."Dois estudos independentes [1,2] demonstraram que a articulação sacroilíaca é capaz de uma pequena quantidade de movimento (1-4 graus de movimento) e que esse movimento persiste ao longo da vida. Este é um componente essencial de absorção de choques para impedir as forças de impacto geradas durante a marcha venham a atingir a coluna vertebral. Para que estas forças sejam devidamente transferidas através da pelve, é essencial que este movimento seja controlado, e este controle é proveniente de correta ativação dos músculos estabilizadores profundos da região lombar e bacia e do bom funcionamento dos ligamentos da articulação sacroilíaca"
Esta é apenas uma breve introdução a um assunto vastíssimo e repleto de controvérsias. Obviamente não é possível esgotar o tema em um blog, mas quero deixar minha contribuição falando sobre dois mecanismos de estabilização da articulação sacroilíaca, os chamados de fechamento de forma e fechamento de força.
FECHAMENTO DE FORMA
O termo fechamento de forma foi cunhado por Andry Vleeming and Chris Snijders [3,4], representa uma situação estável em que as superfícies articulares estão estreitamente encaixadas e não são necessáriassorças adicionais para manter o estado do sistema. Em outras palavras: como é que a integridade da articulação ajuda a prevenir o cisalhamento e forças de translação excessivas entre as duas superfícies articulares quando submetidas à carga.
Uma vez que a articulação Sacroilíaca serve para transferir grandes quantidades de carga, assume-se que o seu formato está adaptado a esta tarefa. Três fatores contribuem para o fechamento de forma:
(1) O formato da superfície articular: Devido ao seu formato em cunha, o sacro é estabilizado pelos inominados;
(2) O coeficiente de atrito da cartilagem articular: ao contrário das articulações sinoviais normais, a cartilagem articular da sacroilíaca é irregular;
(3) A integridade dos ligamentos que recobrem a articulação.
FECHAMENTO DE FORÇA
Este é outro termo cunhado por Vleeming e Snijders e está relacionado a questão de como e quais forças adicionais são necessárias para controlar a translação entre duas superfícies articulares quando a carga é aplicada.
Se o sacro fosse perfeitamente encaixado na pelve, (um fechamento de forma perfeito), a mobilidade articular seria praticamente impossível. No entanto, durante a marcha, a mobilidade assim como a estabilidade devem ocorrer. Assim se faz necessário a adição de uma força extra no sistema durante as situações de carga.
No caso do fechamento de Força são necesárias forças adicionais para manter o objeto no lugar. Neste caso é preciso que haja atrito. As articulações com superfícies predominantemente planas são apropriadas para transferir grandes quantidades de força, mas são vulneráveis ao cisalhamento. Forças de compressão são necessárias para controlar este cisalhamento, pois aumentam o coeficiente de atrito e a capacidade da articulação de resistir à translação. Esta compressão é fornecida pelos estabilizadores profundos da região lombar e pelve, que são os músculos transverso do abdomen, multífidos e os músculos do assoalho pélvico.
Os músculos contribuem para o fechamento de força e, assim, para a transferência de carga através da pelve de duas formas:
(1) Eles aumentam as forças de compressão em toda a sínfise púbica e articulações sacroilíaca, reduzindo a quantidade de movimento na articualção
(2) Eles modificam a posição da articulação, produzindo aumento da tensão ligamentar.

O Controle Motor
Controle motor é um termo usado para descrever o padrão de c0-ativação e coordenação dos músculos estabilizadores profundos.
Estado Emocional
O quarto componente do modelo aborda o papel do nosso estado emocional sobre a nossa capacidade de controle motor eficaz. É bem conhecido que o estresse, ansiedade, medo e dor têm impacto nosso estado emocional e agora sabe-se que este estado influencia nossa capacidade de controle motor.
Bem, é isso, espero que seja útil
[1] Jacob H A C, Kissling R O, 1995, The mobility of the sacroiliac joints in healthy volunteers between 20 and 50 years of age. Clinical Biomechanics 10(7): 352-361.
[2] Sturesson B, Selvik G, Uden A, 1989, Movements of the sacroiliac joints a roentgen stereophotogrammetric analysis. Spine 14 (2): 162 165.
[3] Vleeming A, Stoeckart R, Volkers A C W, Snijders C J 1990 Relation between form and function in the sacroiliac joint. 1: Clinical anatomical aspects. Spine 15(2): 130-132.
[4] Vleeming A, Volkers A C W, Snijders C J, Stoeckart R 1990 Relation between form and function in the sacroiliac joint. 2: Biomechanical aspects. Spine 15(2): 133-136.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Vídeos de exercícios terapêuticos Kissner & Colby

São vídeos de 62 exercícios terapêuticos básicos e técnicas. Incluindo - amplitude de movimento, alongamento, Misto, Mobilização, resistência e Spinal Stabilization. Carolyn Lynn e trabalhou arduamente para garantir que os vídeos reforçam os alicerces de construção de conceitos, princípios e técnicas da 5 ª Edição.
Visitem e façam o download do material pois tá muito bom!
Abraços
Displasia do Desenvolvimento do Quadril ou Luxação Congênita do Quadril ?
Alguns autores justificam esta mudança argumentando que apesar da grande maioria das luxações idiopáticas de quadril serem identificadas ao nascer, um número significativo de crianças desenvolve uma luxação tardia, relacionada à presença de displasia da articulação do Quadril. Assim, a denominação DDQ englobaria um espectro mais amplo e diferenciado de crianças, reservando a classificação de LCQ para os casos de Luxação Congênita “verdadeira”, ou seja: a luxação de quadril identificada no neonato.

DEFINIÇÔES:
É a perda do contato da epífise femoral proximal (cabeça do fêmur) com a cavidade acetabular ao nascer.
Existem vários fatores associados simultâneamente a DDQ e a LCQ. Ambas as condições podem ser decorrentes de fatores mecânicos (tanto pré quanto pós-natais), desenvolvimento anormal (displasia propriamente dita) ou excesso de mobilidade (que se manifesta ao nascer por instabilidade do quadril).
Fatores mecânicos associados à falta de espaço para o recém nascido no útero podem gerar uma ossificação retardada das epífises acetabulares,ou seja, displasia, o que leva ao deslocamento secundário como um resultado da falta contorno do teto acetabular. No entanto, a luxação em si pode não estar presente ao nascimento, mas tende a ocorrer secundariamente durante o curso dos primeiros meses de vida.
Esta imaturidade acetabular também pode estar associada a outras deformidades ou malformações, como pé torto congênito, assimetrias faciais, torcicolo congênito e também como componente em diversas síndromes.
A palavra congênita refere-se a uma característica adquirida pelo bebê no período de tempo no qual permaneceu em gestação. É uma característica atribuída a eventos pré-natais, porém não necessariamente genéticos. Assim, podemos definir Luxação Congênita do Quadril como a perda do contato da epífise femoral proximal (cabeça do fêmur) com a cavidade acetabular ao nascer.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Criação da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional
ctfisioneuro@crefito2.org.br.
Segue abaixo a proposta
"CÂMARA TÉCNICA DE FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL”
Diante dos inquestionáveis benefícios da colaboração intelectual entre as disciplinas envolvidas, para que os avanços da Neurociência possam ter repercussões na prática fisioterapêutica e que, da mesma forma, as questões levantadas pelos fisioterapeutas na clínica possam ser estudadas pelos pesquisadores, é imprescindível o estabelecimento de uma ponte entre esses dois mundos.
A criação de uma Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional vem atender a essas aspirações. A definição da abrangência da especialidade, os critérios para a formação dos especialistas, a promoção de consensos acerca das condutas utilizadas em Fisioterapia Neurofuncional, a divulgação do saber científico e a promoção de espaços de interação entre profissionais, pesquisadores e docentes são algumas das funções pertinentes a uma Associação Científica.
A Fisioterapia Neurofuncional Brasileira se ressente da ausência de uma entidade representativa da especialidade em toda a sua abrangência e potencialidade. Daí a necessidade premente de nos organizarmos para fundar uma Associação de caráter Nacional. Diante desse cenário, nos sentiremos honrados com a sua participação nos debates acerca do tema, a fim de viabilizar a criação da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional.
Para atingir essa meta e iniciar os trabalhos, solicitamos a autorização para incluir seu e-mail em nosso mailing list para que possamos disseminar, de forma ampla e objetiva, o planejamento estratégico e as propostas voltadas para a efetivação do projeto. Caso vc concorde em participar desta discussão, confirme através de e-mail para ctfisioneuro@crefito2.org.br.
Oportunamente, organizaremos um encontro presencial, em nível Nacional, para debatermos a viabilização dessa proposta.
Câmara Técnica de Fisioterapia Neurofuncional do CREFITO 2:
Ana Paula Fontana
André Luís dos Santos Silva
Cristina Kurthy
Érika Rodrigues
Jaqueline Almeida Pereira
Marcos Rebel
Miriam Calheiros
Solange Canavarro
sexta-feira, 24 de julho de 2009
As sete personalidades mais influentes da fisioterapia ortopédica - Terceiro Lugar: Florence Peterson Kendall

A Sra Kendall esteve diretamente envolvida com a fisioterapia nos últimos 70 anos de sua vida. Ela ensinou fisioterapia no departamento de fisioterapia da Universidade de Maryland. Também foi professora de Biomecânica da Escola de Enfermagem do Johns Hopkins Hospital além de consultora do Exército norte-americano em relação aos exercícios para os soldados.
Kendall e seu marido Henry (também fisioterapeuta) trataram pacientes com poliomielite no Children's Hospital por muitos anos, bem como em sua clínica particular.
Dado a extensa experiência dos Kendalls no tratamento da poliomielite (estamos falando da epidemia de pólio nos Estados Unidos, com números de casos na ordem de 9000 somente na primeira década do século!) neste contexto era inevitável a publicação de um livro. As técnicas e resumos de suas pesquisas foram incorporados na primeira edição do livro Livro Músculos: Provas e Funções, publicado em 1949.
"Nós não escrevemos o livro para sermos famosos. Pretendemos compartilhar com outros aquilo que havíamos aprendido em todo o nosso trabalho com polio, postura e condições dolorosas especialmente a lombalgia "
Florence Kendall
A Sra. Florence Kendall faleceu em 2006 aos 95 anos de idade. Sendo um exemplo de vida e dedicação à profissão. Seu livro é leitura obrigatória para os estudantes de fisioterapia.
Para quem quiser saber mais um pouco sobre a vida e obra da Sra Kendall, eu recomendo a leitura do prefácio de seu livro de testes musculares e também o arquivo em pdf da APTA sobre sua vida.
As sete personalidades mais influentes da fisioterapia ortopédica - Segundo Lugar: James Henry Cyriax.

É provável que Henry James Cyriax, MD (1904-1985) tenha tido mais influência sobre os outros nomes na lista do que qualquer outro indivíduo. Sua influência sobre o campo de ortopedia, fisioterapia, chiropratica, massagem é profunda.
James Cyriax era um ortopedista britânico considerado o pai da medicina ortopédica. Formou-se em medicina no St Thomas's, em 1929, tornando-se um especialista (membro do Royal College of Physicians, MRCP) em 1954. Ele era completamente apaixonado por sua profissão, ao ponto de certa vez quando questionado se era religioso, ele respondeu: "eu acredito em Medicina Ortopédica." Cyriax acreditava que os fisioterapeutas eram os profissionais mais aptos para aprender técnicas manipulativas devido ao seu treinamento e sua estreita ligação com a medicina.
O Hospital St. Thomas's é um dos principais hospitais de Londres. James Cyriax percebeu que o trabalho no departamento de fisioterapia deste hospital consistia apenas em "calor-massagem-exercícios", obviamente sem obter resultados muito satisfatórios. Ele queria mudar, queria transformar o fisioterapeuta "indiferente" em fisioterapeuta "eficiente". Cyriax foi “o médico” que atualizou tanto a fisioterapia quanto a sua profissão. Ele estimulava a intensa e freqüente colaboração entre médicos e fisioterapeutas, cada um com suas próprias responsabilidades. Curiosamente esta mentalidade de interdisciplinaridade foi defendida há mais de 45 anos, e ainda hoje permanece atual (embora pouco praticada).

O seu maior legado a ambas as profissões é encontrado em seu livro clássico Orthopaedic Textbook of Medicine, Volume I, publicado originalmente em 1954. Neste livro ele estabeleceu as bases de um método lógico, clinicamente fundamentado de diagnóstico diferencial, o que ele chamava de "testes seletivos da tensão tecidual" utilizado para identificar o tecido específico (músculos, tendões, ligamentos, etc) responsável por uma dor ou disfunção de movimentos específicos. Esta filosofia clínica irrevogavelmente mudou a maneira como a terapia manual ortopédica era pensada, ensinada e praticada.
Cyriax estudou e escreveu sobre o conceito de dor referida. Ele também foi um dos primeiros a reconhecer o disco intervertebral como uma possível fonte de dor nos membros e coluna vertebral. Ao longo de sua vida escreveu extensivamente sobre os seus métodos de tratamento que consistiam em manipulações, massagens, tração e injeção. A técnica de massagem transversa profunda ainda hoje é largamente utilizada.
Os livros do Dr. Cyriax ainda são para muitos, a "Bíblia" da medicina ortopédica. Desde a sua morte, houveram grandes mudanças no ensino da fisioterapia ortopédica. Contudo, sua valorosa contribuição para a fisioterapia ainda hoje pode ser percebida, pois muitas de suas idéias permeiam conceitos conhecidos de terapia manual como por exemplo o método Kaltenborn, o conceito Maitland, Mob. Neural, e na técnica de tenofibrólise entre outros.
Site: Physiobd.info
A que ponto chegou a preocupação com a Gripe Suína.

Sorria hoje é sexta-feira!!!!!!
Prometo que vou postar algo interessante no final de semana pra compensar essa bobagem aqui.
Fui
terça-feira, 21 de julho de 2009
As sete personalidades mais influentes da fisioterapia ortopédica

Provavelmente o maior gênio de todos os tempos, Isaac Newton atribuiu seu sucesso a oportunidade de construir seu conhecimento a partir do trabalho de outros. Ele prontamente prestou homenagem aos "Gigantes" que vieram antes dele. As sete pessoas apresentadas neste artigo são os "gigantes" no campo da fisioterapia ortopédica. Por meio de seus trabalhos, eles influenciaram enormemente o pensamento e a prática atual dos fisioterapeutas. Eles estabeleceram uma extraordinária fundação de conhecimentos sobre a qual também podemos construir nossa obra.
Metodologia
0- Sem influência
1- Baixa Influência
2- Influência moderada
3- Grande Influência
4- Muito Grande Influência
Robin McKenzie (http://www.mckenziemdt.org/)

O Método de McKenzie de Diagnóstico Mecânico e Terapia é agora usado no mundo inteiro por dezenas de milhares de fisioterapeutas, quiropráticos, e médicos.
Vídeos de Osteopatia
Não saiam por aí manipulando a torto e a direito se não tiverem idéia do que estão fazendo!
Não basta ter juízo, tem de usá-lo também!
Grande abraço
segunda-feira, 20 de julho de 2009
O Conceito Maitland de Terapia Manual


O advento do Conceito Maitland pode ser considerado um dos marcos mais importantes do desenvolvimento da Terapia Manual. Neste modelo de abordagem, a avaliação clínica baseia-se em uma anamnese minuciosa, em um exame físico detalhado e passível de registro (movimentos ativos, passivos e acessórios graduados em uma escala de 1 a 4), na avaliação dos sinais e sintomas, e reavaliação investigando os efeitos das técnicas sobre estes sinais e sintomas. Ao utilizar a filosofia do Conceito Maitland, os fisioterapeutas são encorajados a formular e testar várias hipóteses a fim de encontrar o melhor método de tratamento para o paciente.
O exame físico envolve a aplicação de movimentos vertebrais oscilatórios passivos e acessórios nas articulações para tratar a dor e a rigidez de natureza mecânica. As técnicas visam restaurar movimentos articulares e são classificados de acordo com a sua amplitude. Aqui temos um referencial histórico importante para a terapia manual, pois Geoff Maitland desenvolveu uma metodologia capaz de classificar as mobilizações articulares. Isto permitiu uma maior confiabilidade e registro adequado da técnica de mobilização empregada nos pacientes. Assim, as mobilizações podem ser classificadas em 4 graus:
Grau I: É um movimento de pequena amplitude, realizado abaixo da faixa de resistência e é adequado para o tratamento de condições altamente irritáveis. Grau II: É uma mobilização de maior amplitude porém ainda abaixo da resistência do tecido (R1). Uso de mobilizações Grau I e II são adequadas quando a mobilização gera dor antes da restrição do movimento articular. Grau III e IV são utilizados quando a resistência ao movimento é detectada antes da dor. Uma mobilização III é um movimento de grande amplitude executado dentro de resistência (R2) e geralmente utilizado para melhorar a amplitude de movimento. Grau IV é um movimento de pequena amplitude executado dentro resistência (R2), utilizadas para dores crônicas de baixa irritabilidade.
Esta é uma descrição extremamente sucinta das graduações, uma vez que este assunto é bem complexo e discutido ao longo de vários capítulos dos livros do conceito Maitland. Em um próximo post eu vou falar um pouco mais profundamente sobre os graus e sobre esta noção de resistência dos tecidos (R1 e R2).
Para finalizar é preciso compreender que o conceito Maitland é dinâmico, e continua a evoluir e modificar-se por meio da integração dos conhecimentos científicos atuais. É importante ressaltar que apesar das técnicas de tratamento serem basicamente técnicas de mobilização articular, o conceito Maitland não se concentra exclusivamente nos componentes do movimento articular, mas também engloba a avaliação e tratamento do sistema neural e as disfunções do sistema muscular. Assim, uma visão global do paciente permite que um tratamento específico possa ser programado.e sua efetividade avaliada.
domingo, 19 de julho de 2009
O teste Slump e as manobras de diferenciação estrutural
Assim, no post de hoje vou falar um pouco do teste neurodinâmico chamado Slump test (também descrito como teste da inclinação anterior ou teste da postura encurvada) e sobre o raciocínio clínico envolvido nas manobras de diferenciação estrutural deste teste.
Calma, se você nunca ouviu falar em diferenciação estrutural não entre em pânico, eu explico: diferenciação estrutural nada mais é do que o uso de manobras aplicadas durante o teste neurodinâmico, como forma de realçar o papel de tecido neural em contraste aos tecidos musculosqueléticos (Butler, 2000). Em outras palavras: A diferenciação estrutural nos permite verificar se a queixa do paciente está relacionada predominatemente a estruturas neurais ou a estruturas não neurais. É importante termos em mente que nem todos os sintomas provocados pelos testes de tensão neural podem ser considerados patológicos, pois o estiramento do tecido neural pode causar dor e restrição do movimento mesmo na ausência de disfunção do nervi nervorum. Assim, é essencial que o fisioterapeuta saiba realizar as manobras de diferenciação estrutural e interpretar corretamente seus resultados.

1- Com o paciente sentado na maca, questione-o sobre os sintomas. Neste momento você está identificando o nível de dor/sintomas em uma situação onde não há stress aplicado a estruturas neurais. Peça ao paciente para extender o joelho assintomático e depois o sintomático, avalie visualmente a ADM de extensão e questione sobre sintomas.
2- Posicione-o com a região poplítea bem na beirada da maca, joelhos unidos e mãos também unidas atrás das costas. Peça ao paciente que encurve-se, como na foto ao lado (flexão lombar e torácica). O examinador mantém a cervical em uma posição neutra (oriente o paciente a não fletir ao pescoço). Avalie novamente os sintomas do paciente.
6- Mantendo a posição de extensão de joelho e dorsiflexão, "libere a cervical", pedindo ao paciente que olhe para cima. Questione sobre mudanças nos sintomas e avalie se houve mudança na ADM de extensão do joelho.
A flexão cervical aumenta a tensão mecânica sobre o Sistema Nervoso, ao passo que a extensão cervical reduz esta tensão.
A dorsiflexão aumenta e a plantiflexão reduz a tensão sobre o Sistema Nervoso.
A adição destas manobras implica aumento da sensibilidade do tecido neural, resultando em uma diminuição da amplitude de movimento e/ou aumento dos sintomas. Assim, podemos dizer que o teste Slump é considerado positivo se houver aumento dos sintomas ou redução importante da ADM de extensão de joelho nas etapas 4 e/ou 5 e reduzido, com a extensão cervical na etapa 6.
Fisioterpauetas que trabalham com conceitos franceses (RPG, GDS, Osteopatia) podem argumentar que não é possível ter certeza de que estas manobras tensionam APENAS o Sistema Nervoso, pois as fáscias estabelecem um continuum ao longo do corpo, podendo também ser a fonte dos sintomas. De fato, foi demonstrado que a fáscia tóraco-lombar estabelece uma ligação direta do tronco com o membro inferior (Vleeming et al., 1995) e para os tendões dos músculos splenio capital e esplênio cervical no pescoço (Barker e Briggs, 1999). Isso levou à tese de que resultados positivos podem ser igualmente relacionados ao aumento da tensão no sistema fascial (Barker e Briggs, 1999).
Em defesa dos testes neurodinâmicos, utilizo dois argumentos:
[1] Foi realizado um estudo que investigou a capacidade das manobras estruturais ajudarem na distinção do envolvimento do tecido neural (Coppieters et al. The impact of neurodynamic testing on the perception of experimentally induced muscle pain. Manual Therapy 2005;10:52–60.). Coppieters et al, em 2005 conduziram um experimento utilizando dor muscular induzida nos músculos da perna. O experimento demonstrou que a adição das manobras estruturais no teste Slump e no teste de Elevação da Perna Retificada (outro teste de tensão neural) não tiveram qualquer efeito significativo sobre a percepção da dor. Ou seja: O teste neural não aumentou a dor induzida em estruturas sabidamente musculoesqueléticas, sugerindo que estas manobras seriam realmente específicas no tensionamento do Sistema Nervoso.
[2] Como eu disse no início desta postagem kilométrica, o teste deve ser avaliado dentro do quadro clínico do paciente. Uma boa avaliação das estruturas neurais envolve uma série de outros testes (veja os posts anteriores sobre mobilização neural). Desta forma, uma série de achados sugestivos de disfunção do nervi nervorum corroboram para fortalecer a hipótese de disfunção neurodinâmica como fonte de dor do paciente. Puxa, este post ficou muito maior do que o planejado.
Espero ter explicado mais do que complicado.
Sugestões de leitura:
Mobilização Neural - Aspectos Gerais
Sugiro também uma leitura no blog do David Butler. Tem só duas postagens, mas tem um e-mail de contato para receber notícias do seu grupo de pesquisas em mobilização neural.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
A manipulação torácica para o tratamento da cervicalgia

A cervicalgia é uma ocorrência comum na prática clínica dos fisioterapeutas e apesar da manipulação cervical ser considerada uma intervenção apropriado para o atendimento, devo reforçar a minha opinião de que os fisioterapeutas devem pesar bem se os benefícios compensam os riscos potenciais desta técnica.

Pois bem, o post de hoje foi este, espero que tenham gostado.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
A Propriocepção

Inicialmente é impossível falar em propriocepção sem falar em receptores sensoriais. Afinal de contas são eles que "informam" o nosso SNC (aqui me refiro a SNC e não apenas ao cérebro pois existe a propriocepção consciente e inconsciente) sobre a posição articular e o nível de tensão muscular, por exemplo.
Receptores Sensoriais
Os receptores sensoriais fazem parte do sistema sensorial somático, responsável pelas diferentes experiências sensoriais captadas e interpretadas pelo nosso corpo. A função mais elementar dos receptores sensoriais é prover o SNC com informações sobre o estado interno de estruturas orgânicas e do ambiente externo. São eles que definem o que chamamos de sentidos (visão, audição,sensibilidade corporal, olfação, gustação). Porém um único receptor não é capaz de identificar sozinho os diferentes estímulos que nos bombardeiam a cada instante. Desta forma contamos com diferentes tipos receptores sensoriais, cada um com características próprias que permitem que ele "sinta" diferentes estímulos. Podemos classificar os receptores sensoriais de acordo com a sua função (mecanoceptores, termoceptores, fotoceptores, quimioceptores e nociceptores). Além da classificação funcional, podemos também classificá-los de acordo com a sua localização anatômica: exteroceptor, interoceptor e proprioceptor (esta última classe é a que nos interessa no momento).
Os proprioceptores são receptores que se localizam mais profundamente nos músculos, aponeuroses, tendões, ligamentos, articulações e no labirinto cuja função reflexa é locomotora ou postural. Podem gerar impulsos nervosos, conscientes ou inconscientes. Os primeiros atingem o córtex cerebral e permitem que, mesmo de olhos fechados, se tenha a percepção do próprio corpo, seus segmentos, da atividade muscular e do movimento das articulações. Sendo portanto responsáveis pelo sentido de posição e de movimento (cinestesia). Os impulsos nervosos proprioceptivos inconscientes não despertam nenhuma sensação; são utilizados pelo sistema nervoso central para regular a atividade muscular, através do reflexo miotático ou dos vários centros envolvidos com a atividade motora, como o cerebelo. Em resumo: Os proprioceptores são essenciais para informar ao nosso cérebro a noção de posição dos membros, e por sua vez, esta informação de posicionamento corporal é essencial para o controle dos movimentos.

A existência de um mapa foi corroborada pela 1ª vez pelo neurologista canadense Wilder Penfield que estimulou eletricamente determinadas regiões do córtex somestésico e obtinha relatos de formigamento na região correspondente do corpo. Atualmente as atividades corticais podem ser acompanhadas através da ressonância magnética funcional e técnicas de potencial evocado.O córtex somestésico possui 4 subáreas distintas que processam aspectos específicos da modalidade somestésica como é mostrado a seguir:
Subárea 3a: propriocepção
Subárea 3b: tato
Subárea s 1 e 2:

Este aí de cima é o homúnculo de penfield
Para ter maiores detalhes sobre as áreas corticais envolvidas na propriocepção, sugiro a leitura da Apostila de fisiologia da Unesp-Botucatu
O que eu quero enfatizar com esta breve descrição é que o mapa somático cortical não é fixo: apresenta plasticidade de uso e desuso. Ex: Paciente com as mãos amputadas, relata sensação fantasma evocadas por estímulos faciais.
Conforme o uso que é dado a determinadas partes do corpo, a representação se torna proporcionalmente maior ou menor; os mapas são diferentes entre as pessoas. Mas o que isso significa e qual a implicação desta informação para um fisioterapeuta? Ora, significa que a propriocepção pode ser treinada. Creio que na verdade, o mais correto seria dizer que podemos treinar nosso SNC de modo a otimizar as reações motoras em resposta a alterações bruscas do posicionamento corporal. Em outras palavras: Tonar o cérebro mais atento às informações proprioceptivas e ensiná-lo a responder rapidamente a elas.
Após uma lesão articular e/ou ligamentar, os receptores proprioceptivos também são danificados, o que significa que a informação que é normalmente enviado para o cérebro fica prejudicada. Nestes casos, haverá um déficit na capacidade proprioceptiva do indivíduo. Isto pode deixar a pessoa propensa a se lesionar novamente, ou diminuir a sua coordenação durante o esporte. O treino proprioceptivo envolve geralmente superfícies instáveis. Esta instabilidade fornece ao organismo constantes oportunidades para avaliar a sua orientação no espaço, desenvolvendo e treinando a consciência corporal. Uma melhora na reposta proprioceptiva proporciona ao corpo com maior equilíbrio e estabilidade.

Espero que tenham gostado